sábado, 22 de setembro de 2012

Como criar um filho bilíngue

Neste post vou falar sobre os principais métodos (sistemas) utilizados pelas famílias para criar filhos bilíngues.

Mas antes disso, cabe explicar o que são esses sistemas. Dentre as inúmeras formas de se criar um filho bilíngue, estão estes sistemas.
Além dos métodos adiante, os pais podem:
- Mandar a criança para intercâmbio;
- Colocar o filho em uma escola bilíngue;
- Contratar uma babá bilíngue; e por aí vai.

Estes sistemas são as "regras da família". Deve-se ter em mente que a maioria das publicações sobre o assunto se foca em casais multilíngues que criam filhos bilíngues. Como é o caso de uma brasileira casada com um japonês, ou de dois chineses morando no Brasil. Mas nada impede que pais não-nativos os apliquem com o mesmo grau de sucesso!
O que eu percebi é que estes sistemas não estão necessariamente ligados à situação do casal, e sim com a vontade dele!

Vou explicar cada um depois retomo o raciocínio. Os 2 sistemas mais utilizados são:

One Parent, One Language (OPOL)
Um pai, uma língua.

Neste sistema, cada pai se utiliza exclusivamente de um idioma para falar com a criança. Isso geralmente ocorre quando os pais não possuem a mesma língua nativa, e cada um decide falar com o(a) filho(a) em seu idioma nativo.
Com isso, a criança aprende o idioma nativo de cada um dos pais. E cada um deles se sente satisfeito em poder falar com seu filho em seu idioma nativo.
Algumas complicações podem aparecer caso um ou ambos dos pais não dominem bem o idioma do outro. Isso pode fazer com que este pai se sinta excluído de certas conversas ou atividades.

OPOL no Brasil!
Não existe nenhuma limitação que impeça a um casal não-nativo se utilize do sistema.
Esse é o sistema que nós utilizamos em casa, mesmo não sendo falantes nativos de inglês.
Funciona assim: eu sempre uso o inglês quando falo com a minha filha, e minha esposa sempre usa o português.
Decidimos que seria assim pois desejamos que o português dela seja um pouco mais forte que o inglês, pelo menos na primeira infância, uma vez que ela passa mais tempo com a mãe.
Esse método prega certa consistência. Ficar oscilando muito entre as línguas confunde a criança e pode ocasionar em uma mistura de idiomas.

Mas, morando no Brasil, como fazer isso? Simples. (nem tanto, mas tudo bem.) Sempre que eu falo COM a minha filha, eu uso o inglês. Em qualquer outra situação uso o português.
Em situações onde estão outras pessoas, eu julgo de acordo com a hora se é necessária uma tradução logo em seguida, ou não. Explico: as vezes, estamos com outras crianças da família ou com os avós da minha filha, e eu falo algo para ela. Nesse caso, cabe uma tradução, para que a família possa participar do momento.
Já em situações onde quem está perto são estranhos, ou em situações muito íntimas, uso o inglês sem traduzir depois. Se você vai usar este sistema, ou o próximo que eu explicarei, se prepare, pois muitos irão dizer que "é falta de educação falar em outra língua na frente dos outros". Alguns ainda completam: "pois eles não vão saber do que você está falando". A melhor resposta para isso: "Na verdade, falta de educação é achar que você tem o direito de ouvir a conversa dos outros!". Não sei de onde tiraram a conclusão que eles TÊM DIREITO (?!) a ouvir o que eu falo COM A MINHA FILHA. Mas, infelizmente, é isso que muitos pensam. E pior, pensam que podem/devem nos dar bronca por causa disso!!!
Apenas para exemplificar: imaginem uma família (casal + filho) vegetariana na praça de alimentação do shopping, quando pedem 3 saladas. Aí, o atendente sugere um bife para a criança, pois ela está em fase de crescimento. Educadamente, os pais explicam que eles são vegetarianos. O atendente, então, critica a decisão dos pais, e fala que isso é um absurdo!
Por incrível que parece, existe gente assim. E isso também ocorre com o bilinguismo.
Mas calma, você deve estar pensando que se começar a aplicar um desses sistemas o mundo vai se virar contra você. Não é nada disso. Estou avisando, que existem pessoas assim, mas são a exceção, e não a regra. Muitos admiram a iniciativa. Alguns jovens e crianças chegam a falar "poxa, queria que meus pais tivessem me criado assim". Alguns apenas estranham. E outros nem percebem o que está acontecendo.

Minority Language at Home (ML@H, MLaH)
Língua Minoritária em Casa

Nesse sistema, a língua minoritária será usada com exclusividade em casa. Cabe explicar o que seria a língua minoritária: ela é a língua não oficial da comunidade. Exemplo: a língua majoritária no Japão é o japonês. Logo, no Japão, o português é uma língua minoritária.
O termo "casa" também deve ser explicado. Ele não se refere ao domicílio, e sim à família. Então, a família, entre si, usará a língua minoritária.
Como exemplo podemos citar um casal brasileiro que vai morar no Japão e continua usando o português entre si. A comunidade (escola, amigos) irá ensinar o outro idioma à criança. Nesse caso, o japonês.
[Adicionado: Cabe ressaltar que, nesse caso, a criança pode sofrer um choque maior ao ser inserida em um ambiente onde o idioma falado não lhe é familiar. Crianças que desde cedo frequentam creches no outro idioma não devem estranhar, mas crianças maiores de dois anos podem se frustrar ao, de repente, não entender mais nada. Tratarei mais sobre o assunto em outro post.]

ML@H no Brasil!
Aqui o caso seria ambos os pais falarem com a criança em um outro idioma, que não o português.
Nesse caso, morando no Brasil, a comunidade (outros familiares, escola, amigos, etc.) vão ser responsáveis por ensinar o português à criança, enquanto os pais ensinam o idioma minoritário.
Nessa situação, o ideal seria que ambos os pais fossem fluentes no idioma a ser adotado, e que esse idioma minoritário fosse utilizado COM (relativa) EXCLUSIVIDADE em casa. Inclusive entre os pais.

Uma terceira opção

Uma terceira opção seria misturar os dois sistemas acima. Cada pai fala em um idioma minoritário com a criança, e a comunidade fica responsável por ensinar o idioma majoritário. Nesse caso, a criança crescerá falando 3 línguas (uma de cada pai, mais a da comunidade).

Isso é o básico de cada sistema. Com essas informações você já deve estar mais situado para ler outros textos e compreender melhor cada sistema, e, com isso, escolher aquele que é mais adequado a sua família.
No futuro tentarei me aprofundar mais em cada um deles e suas ramificações.
Mas perceba que os sistemas estão ligados com a vontade da família. Todos eles são "certos". O que deve ser observado é "qual é o certo para a sua família".
Alguns pais não se sentem a vontade falando em outro idioma com seus filhos, ou com sua esposa (ou marido).* Nesses casos, estes sistemas se tornam inviáveis. Afinal, não vale a pena comprometer seu relacionamento com seus filhos ou esposa por um sistema linguístico forçado! A escolha deve parecer a certa, caso contrário, ela não o é!
Outro aspecto importante: a escolha é do casal. Só! Familiares, filhos, vizinhos, amigos, cachorros, etc. NÃO PODEM OPINAR!

* confesso que foi estranho começar a falar com minha filha em inglês. Mas eu estava decidido! Foi estranho, mas era o que eu queria. 

Lembrem-se, qualquer coisa estamos a disposição para tirar qualquer dúvida que possa surgir, inclusive sobre algum tópico que ainda não foi objeto de um post.


14 comentários:

  1. Olá Marcelo e Patty!

    Muito bom descobrir esse blog.
    Estou passando pela mesma situação e meu filho tem mais ou menos a mesma idade da filha de vocês.
    Acho que será muito interessante trocarmos experiencias.
    Tenho um blog também, não sobre bilinguismo: www.diariodospapais.com.br

    Mas fizemos um site para ensinar Linguagem de Sinais para Bebes:
    linguagemdesinaisparabebes.com.br

    Abraço

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    1. Olá Mario,

      É sempre bom trocar experiências e informações! =)
      Gostei bastante do seu blog. Te desejo muito sucesso nessa empreitada, que só irá trazer benefícios ao desenvolvimento do Arthur.

      Realmente, o ensino de um novo idioma e a linguagem de sinais possuem bastante em comum. Ambas estimulam o cérebro da criança de formas muito positivas.
      Até porque, em última análise, a linguagem de sinais realmente é uma nova língua que a criança "falará".
      Vocês pretendem seguir com a linguagem de sinais uma vez que ele já estiver falando bem?

      Abraços,
      Marcelo

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    2. Olá Marcelo! Pelo que estudei os benefícios da linguagem de sinais, na questão do desenvolvimento mental da criança, suas sinapses e benefícios permamentes são as mesmas do que uma língua. Claro que se torna uma língua mais simples por usar apenas as palavras principais de uma sentença, mas é muito interessante. Agora respondendo sua pergunta: acredito que quanto ele estiver falando bem iremos descontinuar, seja por parte dele ou de nossa parte. Essa á abordagem comum. Depois dos três anos raramente é usado, mas os benefícios ficam para a vida toda.

      Tem Facebook? O meu é netomgi e twitter @marioishikawa


      Abração!

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  2. Olá...
    Adorei a sua iniciativa. O seu blog é exatamente o que eu estava procurando. Eu falo inglês e gostaria muito de ensinar o meu filho desde pequeno. Ele ainda tem sete meses, quando eu poderia começar a ensiná-lo?

    Um abraço

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    1. Olá Aline,
      Fico feliz em saber que você gostou do blog! Tenho dois novos posts em revisão, que já já serão publicados.

      Respondendo à sua pergunta, não existe idade certa para se começar a ensinar uma língua para uma criança. Pois, desde o nascimento, estamos ensinando aos nossos filhos o nosso idioma. A única diferença no caso de crianças bilíngues é que serão dois idiomas de uma vez.
      A grande maioria dos especialistas sobre o assunto afirmam que 'o quanto antes, melhor'.
      Então, você já pode começar! Rsrs

      Com a minha filha, eu comecei quando ela tinha 4 meses. Só não comecei antes por falta de informações. Agora que estamos esperando o segundo, eu falo com ele em inglês desde que soubemos da gravidez.

      Obviamente, os resultados demoram a aparecer. Mas lembre-se que isso é um 'investimento' de longo prazo. Hoje, minha filha está com um ano e meio, ela me entende em inglês tão bem quanto entende a mãe em português.

      Mais uma coisa, nessa idade não se pode 'ensinar' o inglês à criança. O inglês deve ser o instrumento pelo qual você irá ensinar outras coisas a ele. Por exemplo, ele não irá associar a palavra 'dog' com 'cachorro', mas ele vai associá-la ao animal. Em pouco tempo, ele irá saber que ambas as palavras se referem ao animal. E é aqui que entram os sistemas. No OPOL, a criança sabe que o animal se chama 'dog' pro papai, e 'au-au' pra mamãe. Ou no ML@H, 'dog' em casa, e 'au-au' na escola, por exemplo.

      Então, pode começar desde já! E lembre-se que, da mesma forma que não existe um método certo, não existe forma errada. O que existe é o sistema certo para cada família.

      Qualquer dúvida estou aqui.

      Muito obrigado pela visita ao blog.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Olá Marcelo,

    Nossa família também é bilíngue, mas não utilizamos nenhum dos sistemas que você descreveu neste post. Temos duas filhas - Nicole, 5 anos e Alícia, 3 anos - e as duas são fluentes nos dois idiomas. A nossa estratégia como casal foi: Em casa falar em inglês com elas, mas em português um com o outro. E na rua, em respeito à comunidade, falar o idioma majoritário (seja ele qual for).

    De certa forma, se assemelha com o MLaH porque quando estamos em público a família toda fala português, porém é diferente porque elas também ouvem os pais conversando em português em casa. :)

    O motivo pelo qual decidimos continuar conversando em português entre nós é o fato do idioma ter viés fortemente emocional, logo seria um tanto estranho nos forçarmos a falar somente em inglês um com o outro.

    Fazemos dessa forma desde que a Nicole nasceu e funciona muito bem! Resumindo: elas têm 2 línguas maternas. E como somos uma família de homeschoolers, também pretendo alfabetizá-las nos dois idiomas ao mesmo tempo. Curso Pedagogia e ainda estou estudando os diferentes métodos.

    O meu blog (www.maternidadeproativa.blogspot.com.br), embora não seja especificamente sobre bilinguismo, tem alguns posts sobre o assunto e que contam mais detalhes de nossa experiência.

    Parabéns pela iniciativa do blog!

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    1. Prezada,

      Agradeço pelo comentário =)

      Em relação ao sistema que sua família utiliza, reforça meu entendimento de que não existe um modelo padrão que se encaixa a qualquer situação. A ideia do post era dar as opções mais usadas, para que o leitor tenha embasamento para tomar uma decisão.

      Não concordo muito quando você diz que usa um idioma “em respeito à comunidade”, pois, na minha visão, a família deve usar o idioma que desejar. Não me sinto desrespeitado quando vejo um casal japonês conversando em japonês ou quando vejo uma família judia tagarelando em hebraico.

      Acerca desse ponto, existem pessoas que dizem ser falta de educação usar outro idioma na presença de estranhos. Os motivos variam, mas muitos dizem que “podem achar que vocês estão falando mal dele(s)”. Ora, uma família que vive junto poderia falar mal de alguém o tempo todo, não sendo preciso usar outro idioma para falar na frente da pessoa.

      Eu, por outro lado, acho que a falta de educação é de quem pensa dessa forma. Se eu estou falando algo com a minha filha, e o assunto não concerne quem está em volta, então eles que estão sendo mal educados em tentarem ouvir uma conversa alheia. Quando tem um casal na mesa do lado, um grupo de jovens na sua frente na fila ou alguém falando no celular no ônibus, quem está em volta tem o direito de ouvir e entender a conversa deles? Eu acredito veementemente que não.

      Obviamente, cada família deve escolher o que se adequa melhor a sua realidade e o que lhe deixa mais confortável. =)

      No ML@H, home é geralmente encarado como família, e não como casa. Em várias línguas, casa e família se misturam. No inglês medieval, house era interpretado como família/clã/linhagem.

      Em relação ao português entre você e seu marido, sentimos a mesma barreira emocional em casa e optamos por manter o português no dia-a-dia entre eu e minha esposa.

      Parabenizo-a pela iniciativa do homeschooling. Nós chegamos a flertar com a ideia por um tempo, mas, por um conjunto de fatores, decidimos que a Yuna entrará na escola convencional nesse ano. Pesquisei, inclusive, jurisprudência e fontes jurídicas que dariam a uma família esse direito. Por hora, no Brasil, é uma situação paralegal que pode dar uma certa dor de cabeça, mas que tem muita chance de ser decidido a favor dos pais. (Um ministro de um tribunal superior já se manifestou favorável ao sistema)

      Também lhe parabenizo pelo blog. Achei a iniciativa muito válida =)

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  5. Olá Marcelo,

    O que penso é que é deselegante estarmos na presença de outras pessoas, fazendo algo juntos, ou mesmo num parque brincando com outras crianças que acabamos de conhecer, e eu virar para as minhas filhas e falar num idioma que as pessoas à volta não entendem - A MENOS que seja em tom privado (ex. cochichando), porque daí não importa o idioma e a intenção é manter segredo.

    Ou seja, se o papo é público, por quê excluir as pessoas da conversa? Evito fazer e não me sinto bem quando fazem. Vejo como incoerência uma vez que somos uma família bilíngue justamente para favorecer a comunicação com a comunidade à nossa volta, e não para bloqueá-la. Ou para mostrar que somos melhores a ela porque sabemos um idioma que elas não sabem.

    Pode ser apenas coincidência, mas quando estava na universidade no Canadá (em Montreal, uma cidade fortemente multicultural), um comentário de uma menina (de nacionalidade iraniana) na aula de francês me marcou. Ela disse que todos os brasileiros que ela havia conhecido até o momento eram sempre muito divertidos, porém uma característica que ela reparou (e de que não gostava) é que nos passeios eles não se esforçavam para falar a língua do grupo e não se importavam em falar somente português entre eles, excluindo os demais das piadas, brincadeiras, etc. Para mim isso é desleixo, além de falta de consideração e respeito ao próximo!

    De qualquer forma, o seu argumento de que "falta de educação é ouvir conversa alheia" está muito presente no grupo de brasileiros que criam filhos bilíngues no exterior. Já ouvi esse mesmo discurso muitas e muitas vezes. E discordo porque penso no "senso de comunidade", mas é apenas a minha opinião...

    Até 2,5 anos atrás eu nunca tinha cogitado a ideia de fazer homeschooling com meus filhos! Até eu descobrir que o que eu fazia com a Nicole já era meio que um HS e que havia muitas e muitas vantagens de mantê-las em casa por mais tempo. Daí resolvei fazer um ano de experiência com material curricular de uma empresa americana para testar e me apaixonei. De lá pra cá mergulhei nesse mundo, li pesquisas inúmeras científicas sobre o assunto (inclusive brasileiras, mas principalmente norte-americanas), conheci famílias que praticam, visitei blogs, assisti documentário, acompanhei pela mídia os casos que ficaram famosos, escrevi papers na faculdade sobre o assunto, enfim... acho que fiquei meio viciada, haha. Pena que não tenho conseguido tempo e disposição para contar no blog tudo o que tenho vivido e aprendido!!

    Bem, é isso. Indiquei seu blog a algumas amigas que precisam de um empurrãozinho para começar a falar inglês com os filhotes. :)

    Espero que elas se animem, rs.

    T+!

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    1. Acho que não estávamos falando sobre a mesma coisa rs.

      Quando estamos brincando com várias crianças, sendo a Yuna ou o William um deles, eu uso o idioma que todos sabem, obviamente. Não tem graça brincar quando metade da turma não entende o que o adulto fala.
      Nessas situações, onde a conversa é entre um grupo, o educado é sim usar a língua do grupo.

      Por outro lado, conversas privadas, como as que ocorrem em um restaurante, na fila do supermercado, no metrô, etc., essas são, como o nome diz, privadas. Aqui tanto faz você cochichar ou usar outro idioma, a questão é que nesse momento a conversa é entre duas pessoas apenas. Sendo assim, o idioma na qual ela acontece é (ou deveria ser) irrelevante para os demais.

      Então o raciocínio é o mesmo que o seu, se o papo é público, use a língua de todos, mas se o papo é particular, use a língua que você deseja, seja ela X ou Y.
      Eu sempre uso o inglês com meus filhos para manter a uniformidade. Isso reduz a mistura de línguas. E para nós, é importante que ela dure pouco, pois nossos familiares não falam inglês. Ou seja, não entendem quando ela mistura.
      E que os outros entendam que é minha decisão escolher em qual idioma falo com minha filha, e que não é de forma alguma desrespeito com os outros.

      Sobre os brasileiros, vale lembrar que no Brasil existe muito stigma em relação a línguas estrangeiras. Um pensamento de que 'só a elite fala outra língua'. E uma cobrança absurda de que 'o inglês precisa ser sem sotaque'. Isso talvez iniba os brasileiros de saírem contando piadas por aí em outros países em outras línguas. Ou talvez seja a própria falta de conhecimento no idioma para fazê-lo.
      De toda forma, é universal a fama do brasileiro de ser aberto e receptivo. Certamente o retratado pela iraniana tem suas raízes em outro lugar, como vergonha, sensação de inferioridade, insegurança, ou simplesmente ela viajou com pessoas mais fechadas.

      Quanto ao homeschooling, acho válida a iniciativa. É preciso muita dedicação para fazer bem feito =)

      Um grande abraço,

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  6. Oi, Marcelo! Bem bacana o post, concordo contigo.
    Eu falo 100% português, a qualquer hora e em qualquer lugar, e meu marido a língua dele, o italiano, com nossa filha de 15 meses. Vivemos na Itália. Desconhecia a metodologia, mas creio que nos encaixamos no método OPOL. Aqui em casa, desde o nascimento da pequena, o ambiente bilingue sempre aconteceu de modo muito natural; não faço o menor esforço para usar o português com ela. Simplesmente uso. Ela ainda não fala, mas por enquanto responde bem ao estímulo e notamos total interação comigo e com meu marido: "Dá um abraço ou Abbracciami", "Bate palma ou battiamo le mani", e assim por diante.
    Gostei do blog. Assinei a newsletter para seguir por email. Abraço, Vanessa.

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    1. Olá, Vanessa.
      Fico feliz que você gostou =)
      De fato, acredito que a prática do OPOL tenha vindo muito antes de alguém inventar a sigla OPOL rs. É natural, aos pais, usar seu idioma nativo com os filhos. Por isso, casais multinacionais criam os filhos bilíngues com maior facilidade.
      Um grande abraço,
      Marcelo

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  7. Olá Marcelo
    Gostaria de saber sua opinião sobre o nosso caso.
    Sou brasileira,meu marido norueguês e vivemos na Noruega. Temos 2 filhos,Emmett de 3 anos e 8 meses e o Liam de 3 meses.
    Eu falo somente portugues com meus filhos em qualquer lugar que seja. O meu marido fala norueguês com eles.Quando conheci meu marido eu ainda não falava norueguês e muito menos ele português,por isso falamos inglês um com o outro,em casa,na rua dependendo trocamos pra norueguês,mesmo na frente dos nossós filhos. Então em casa usamos 3 idiomas,mas não pretendemos que eles aprendam o inglês ainda,sabemos que vão aprender eventualmente quando crescerem. O meu filho mais velho fala norueguês muito bem,de acordo com a idade dele,porém está muito atrás no portugues.Eu falo com ele em português e ele me responde em norueguês,ou seja ele entende bem o que eu falo,mas prefere responder no outro idioma.Eu não quero forçar ele me responder em português,mas tenho dúvidas se ele um dia vai me responder em português.Possuo muitas dúvidas pq as vezes não sei o que é tão legal de fazer,por exemplo se vamos ao zoo, ele conhece todos os animais pelo nome em norueguês,como eu deveria introduzir o português nessas horas?Porque quando eu digo o nome de uma coisa que ele nunca ouviu antes em português ele me corrige e fala que o nome é...usando o idioma norueguês. É muito frustrante,tenho plena consciência que cada criança tem seu tempo,mas me pergunto se existe alguma coisa que estou fazendo errado ou deveria me empenhar mais etc.Help!!! :)

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    1. Olá, Madeleine!
      Agradeço pela visita e peço desculpas pela demora em responder, acabamos de voltar das férias.
      Meu primeiro pensamento é que vocês estão no caminho certo, sim. Já passei por algo parecido. O William ( hoje com 3 anos) tem uma preferência nítida pelo inglês. Ele entende as duas línguas, mas adquire vocabulário muito mais rápido em inglês. Algumas palavras em português ele fala com um sotaque bem 'americano' rs. O que nós vimos é que isso vai se ajustando normalmente com o tempo e a insistência dos pais.
      Concordo em não forçar ele a responder em português. Mais adiante, você pode começar a pedir que ele responda no idioma que foi perguntado, quase que como uma regra de etiqueta, mas 3/4 anos ainda é cedo para isso.
      Sobre o exemplo do Zoo, ele reforça a importância de nunca traduzir de um idioma para o outro. Não falar que "leão" é "løve", apenas apontar para o animal e dizer que é um "leão". A referência deve ser o animal real, não a palavra que o representa na outra língua. Idealmente, a conversa deveria ser assim:
      "Olha filho, esse é o leão."
      "Nei, mamma, det er en løve" (tentando te corrigir para o norueguês)
      "Isso mesmo, filho. É o Leão. E você sabe o que o leão come? O leão caça outros animais. Nós sabemos que é o Leão, e não a Leoa, por causa dos cabelos, que nós chamamos de juba. Você gostaria de ter uma juba como um leão?"
      Aqui, o importante não é que ele repita a palavra "leão", mas sim que ele experiencie a situação na qual você utiliza a palavra "leão". É assim que ele irá aprender. Então, minha sugestão é que quando ele tentar te corrigir para o norueguês, você concorde com ele e repita a palavra em português, e continue conversando sobre outro assunto. Normalmente, a criança irá achar mais legal conversar com você sobre o animal, ou sobre como vocês podem fazer uma juba de brinquedo para usar em casa (dando ideias de como montar, por exemplo), do que ficar insistindo em uma questão linguística.
      Além do contato com você, seria interessante buscar outras fontes de contato com a língua portuguesa, como livros, desenhos, aplicativos etc. Assistir a TV em português faria eles entenderem que aquela língua é usada por outros, que aquela língua faz parte de seus momentos de lazer e diversão.
      Fora isso, é seguir firme no OPOL e ter paciência.
      Um grande abraço,

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